Ainda no modo de Filosofia com Cinema para Crianças (FcCpC) em jardim de infância, crianças de quatro e cinco anos experimentam a sua primeira reunião/diálogo filosófico de forma autónoma. O educador ajuda a preparar os dispositivos básicos, como as mesas, as cadeiras, e sugere o registo das perguntas que surgirem (escreverem as perguntas, da forma que quiserem, e souberem). O registo permite não só aquilo que importa à comunicação, à escrita e à interpretação, como é também um processo de pensamento gráfico e artístico. É ainda um espaço de reflexão-criação (ouvir e escrever, ouvir e desenhar, ouvir e comunicar), que envolve complexos mecanismos de elaboração. Numa fase em que os momentos de diálogo em comunidade de investigação filosófica despontam no quotidiano em sala, há instantes que parecem ganhar vida própria. As perguntas sucedem-se, irrompem famintas de vez e de voz. As vozes elevam-se, sedentas de som e de ser. A escrita fica, e requer tradução, pois da mesma forma que as crianças não sabem ler o que os adultos escrevem, os adultos também não sabem ler o que as crianças escrevem.
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